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A Feira do
Largo da Ordem

Uma das maiores feiras urbanas do Brasil, campo de manifestação de lutas, contradições e tensões sociais desde sua origem, a feira de arte e artesanato do Largo da Ordem em Curitiba foi oficializada em 1971 – a partir do Decreto nº 981 da prefeitura da cidade, que legalizava a criação do evento e garantia o estabelecimento do espaço geográfico para os expositores. Em seus 50 anos de história, a Feira foi e é um espaço de resistência e intercâmbio cultural – espaço onde histórias de vidas, famílias e ancestralidades inteiras se entrelaçam.

A Feira surge em Curitiba a partir de um entrecruzamento de influências culturais, sociais e artísticas que refletiam o momento histórico e político vivido pelo país naquele momento: uma ditadura militar, envolta em censura e autoritarismos morais que contrastavam com o aumento do poder de compra com cultura por parte da classe média e com a influência libertária da contracultura internacional.

Interagindo com as transformações políticas, econômicas e culturais profundas pelas quais o país passava, a Feira do Largo da Ordem nasce em meados da década de 1970 como um espaço de sociabilidade fruto da tentativa de união e centralização de várias feiras que se estabeleciam em diversos pontos do centro da cidade de Curitiba, como a Feira da Praça Zacarias, a Feira da Praça Garibaldi, a Feira da Praça Tiradentes e o Mercado das Pulgas no Largo. Grupos hippies acompanharam e sempre estiveram presentes nesse processo, onde estabeleciam suas feiras e exposições de forma provisória em locais diversos, mas principalmente no circuito das feiras da Praça Zacarias.

Em 2018, a Feira do Largo foi reconhecida como patrimônio imaterial de Curitiba pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural. O que significa um reconhecimento oficial das relações de comércio, consumo e trocas; dos afetos e identificações articulados nas relações sociais que compõem a feira; das memórias da cidade identificadas com o território e o evento da Feira. Atualmente, a Feira do Largo da Ordem reúne em torno de 1.300 pessoas mantenedoras do evento, entre artesãos, expositores e comerciantes de produtos artísticos, artesanais e industriais. São vendidas comidas e bebidas populares e típicas de povos de nacionalidades imigrantes, roupas, sapatos, bijuterias, acessórios pessoais e domésticos, decorações, antiguidades, plantas, móveis, relógios, cerâmicas, tecelagens, louças, brinquedos, livros, moedas, velas, pedras e incensos.

Hoje patrimônio imaterial da cidade de Curitiba, nossa Feira do Largo da Ordem foi construída com a luta e o trabalho de muitos artesãos e artesãs, artistas e cozinheiros. O chão do Largo da Ordem, centro histórico da cidade, é palco de muitas expressões, elos, sonhos e suores. Nesse local encontramos subjetividades pessoais e coletivas, saberes ancestrais, tradições familiares, criações e descobertas. Uma memória coletiva que foi e é tecida a partir de milhares de memórias individuais que circulam por aqui em seus quase 50 anos de existência. A Feira do Largo da Ordem abriga histórias. A Feira do Largo da Ordem é formada por pessoas.

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